Os sintomas da esclerose múltipla podem impactar a qualidade de vida dos pacientes.
Ela é considerada uma doença incapacitante, pois pode afetar diversas funções fundamentais, como a capacidade de se locomover, por exemplo.
No entanto, houve um avanço no tratamento da doença nos últimos anos e os medicamentos podem ajudar a retardar a progressão e até evitar novos surtos.
A esclerose múltipla pode atingir populações jovens, tendo maior incidência entre mulheres de 20 a 40 anos.
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O que é esclerose múltipla
A esclerose múltipla é uma doença neurológica que afeta a bainha de mielina, a membrana que reveste os neurônios. A doença é crônica, autoimune e degenerativa, e ocorre quando o próprio sistema imunológico passa a atacar as bainhas.
Não há cura para a esclerose múltipla, mas houve um grande avanço no tratamento e no diagnóstico da doença nos últimos anos, possibilitando uma chance maior de reduzir os sintomas e prevenir as crises.
Padrões da esclerose múltipla
Antes de entender como reconhecer os sintomas de esclerose múltipla, é importante saber que a doença pode se manifestar sob quatro padrões distintos:
- Surto-remissão
O paciente possui recaídas nos sintomas da esclerose múltipla, chamados de surtos.
Eles podem durar de 24 horas a três semanas e costumam desaparecer depois desse tempo ou deixar pequenas sequelas.
A remissão da doença pode durar meses ou anos até o próximo surto. Para a maioria dos pacientes, essa é a forma inicial da doença e pode se estender por anos.
- Primariamente progressiva
A doença avança de maneira progressiva e lenta, sem apresentar remissões e recaídas e tende a piorar com o passar do tempo.
- Secundariamente progressiva
Geralmente é a evolução do surto-remissão, quando a doença progride com a idade e os sintomas de incapacidade podem se agravar.
- Progressiva recorrente
Este é um caso raro, no qual a doença é progressiva, como a primariamente progressiva, mas ainda assim ocorrem surtos que aceleram a progressão.
Principais causas da esclerose múltipla
A esclerose múltipla é uma doença multifatorial e as causas não são completamente conhecidas pela ciência.
Sabe-se que algumas mutações em genes específicos podem influenciar no funcionamento do sistema imunológico e aumentam o risco de doenças relacionadas.
Foi identificado que para pessoas na família com a doença, como genitores e irmãos, a chance de desenvolvimento da esclerose aumenta.
Além disso, alguns gatilhos ambientais podem aumentar a chance de desenvolvimento, como a infecção no início da vida pelo vírus Epstein-Barr, por exemplo.
Os pesquisadores sugerem que a doença tenha relação com algum agente ambiental que tenha contato até os 15 anos de idade.
Sabe-se ainda que ela está associada à carência de vitamina D. Apesar de a ciência não saber exatamente como se dá essa relação, ela contribui para um sistema imunológico mais equilibrado.
A doença ocorre de maneira mais frequente em áreas distantes da linha do Equador, tendo maior incidência na Europa, Canadá, Norte dos Estados Unidos, Nova Zelândia e sul da Austrália.
Além destes, fatores como o tabagismo e a obesidade também estão relacionados.
7 sintomas da esclerose múltipla
A lista de sintomas da esclerose múltipla que podem se manifestar é extensa, mas eles ocorrem de acordo com a parte do cérebro afetada.
Por isso, pode haver diferença entre os sintomas sentidos de uma pessoa para a outra.
No entanto, é comum que a desmielinização seja mais comum em determinados locais, como na medula espinhal e tronco cerebral, por exemplo.
Desequilíbrio
Quando o cerebelo é afetado, sintomas como o desequilíbrio podem surgir, no entanto, este sintoma da esclerose múltipla também pode estar relacionado com outras causas.
Além disso, também são comuns tonturas e vertigens, assim como outras manifestações motoras, como zumbidos e tremores.
Distúrbios sensoriais
Os distúrbios sensoriais são sintomas de esclerose múltipla bastante comuns. Eles podem surgir em forma de dormência dos membros, formigamento, coceira, ardor e menor sensibilidade ao toque.
Além disso, também pode ocorrer a disestesia, isto é, a geração de sensações incomuns ao toque, como por exemplo, dor ou queimação ao sentir alguém te tocar.
Esses distúrbios acontecem devido a problemas na transmissão dos sinais nervosos e na comunicação entre o corpo e o sistema nervoso.
Alterações na bexiga e no intestino
Essa transmissão de sinais nervosos, referida acima, também pode afetar a comunicação entre o cérebro e a bexiga.
Isso pode se refletir tanto na incontinência quanto na retenção urinária, ou seja, de maneira geral é uma dificuldade no controle da bexiga.
É importante ficar atento a sinais, como incontinência, muita vontade de urinar de maneira frequente, dificuldade para soltar o xixi e dificuldade de esvaziar a bexiga completamente.
O problema também pode se estender para o intestino, causando incontinência fecal ou constipação.
Tremores e espasmos
Os tremores aparecem como movimentos rítmicos que podem afetar tanto os membros inferiores quanto os superiores, assim como, a cabeça.
Pode se desenvolver rapidamente, durante os surtos, ou lentamente de maneira progressiva.
Já os espasmos costumam ocorrer nos braços e pernas de maneira involuntária, podendo causar dor e necessitar de tratamentos específicos.
Eles ocorrem nos músculos que foram afetados pela esclerose múltipla.
Problemas cognitivos
Dentre os sintomas da esclerose múltipla, os problemas cognitivos que podem surgir são a capacidade de processar informações e alterações na atenção e memória.
Esses sintomas podem ter intensidade variada, mas raramente são incapacitantes, podendo surgir de maneira leve e serem difíceis de perceber.
Problemas de visão
Os problemas de visão estão entre os sintomas iniciais da esclerose múltipla.
Pessoas afetadas pela doença podem apresentar a visão central prejudicada, de maneira mais comum. No entanto, ainda que menos comum, a visão lateral também pode ser prejudicada.
Podem surgir problemas como a oftalmoplegia internuclear, que causa visão dupla, e a neurite óptica, que ocasiona perda parcial da visão devido à inflamação do nervo.
Essa perda da visão pode ser temporária e voltar ao normal após uma crise.
Também é comum o surgimento de dor ao mover os olhos ou olhar para os pontos cegos.
Fadiga e fraqueza muscular
A fadiga e o esgotamento físico podem ser causados tanto pela ação direta da doença quanto pelos sintomas secundários que ela origina.
Neste segundo caso, os sintomas como, espasmos, dor e o estresse da doença podem causar essa fadiga.
Já a fraqueza muscular está relacionada ao problema nervoso, pois o estímulo tem dificuldade de chegar ao músculo. Devido a isso, pode ocorrer dificuldade para andar, espasmos e rigidez.
Como é feito o diagnóstico da esclerose múltipla
Para o diagnóstico da doença, um dos principais exames solicitados é a ressonância magnética do crânio e da medula espinhal.
Por meio dela se torna possível identificar as zonas de desmielinização. Além disso, por meio da injeção de de gadolínio na corrente sanguínea, a ressonância diferencia as áreas de desmielinização recentes das mais antigas, possibilitando identificar a progressão da doença no organismo.
Mas a princípio, a identificação dos sintomas é feita por meio de uma avaliação clínica e do exame físico. Também podem ser solicitadas outras análises do sistema nervoso e o exame de fundo de olho.
Outro exame que pode ajudar a confirmar o diagnóstico é a punção lombar, que retira uma amostra do líquido cefalorraquidiano.
Como existe uma variedade muito grande de sintomas e eles são bastante distintos entre si, pode ser difícil diagnosticar a doença na etapa inicial.
Como tratar a esclerose múltipla
Os medicamentos atuais permitem a prevenção tanto de lesões no sistema nervoso quanto de novos surtos da doença. Com isso, é possível diminuir a progressão da doença e proporcionar uma qualidade de vida melhor ao paciente.
No entanto, não existe um medicamento que seja eficaz para todos os sintomas. É preciso olhar para cada caso de maneira muito particular para garantir o melhor tratamento.
Os corticosteroides são comumente utilizados para o alívio imediato de sintomas, mas seu uso não costuma se prolongar devido aos efeitos colaterais.
Já os medicamentos para controlar o sistema imunológico auxiliam a reduzir o número de recaídas e a impedir o ataque dos sistema imunológico.
Outros tratamentos possíveis são a troca de plasma e o transplante de células-tronco, utilizados para casos mais avançados da doença.
Qual o tempo de vida de uma pessoa com esclerose múltipla?
De acordo com a Associação de Esclerose Múltipla da América (MSAA), alguns influenciam na longevidade da doença, como:
- ter mais de 40 anos no momento do primeiro ataque;
- ser do sexo masculino;
- ter problemas motores nos sintomas de esclerose múltipla;
- ter uma alta frequência de recaídas;
- apresentar muitas lesões; dentre outras.
Conclusão
A esclerose múltipla é uma doença neurológica crônica, autoimune e degenerativa que afeta a bainha de mielina dos neurônios, impactando diversas funções do corpo.
Embora não haja cura, os avanços no tratamento nos últimos anos têm melhorado a qualidade de vida dos pacientes, retardando a progressão da doença e prevenindo novos surtos.
A doença afeta principalmente mulheres jovens, entre 20 e 40 anos, e os sintomas variam conforme a área do cérebro afetada, incluindo desequilíbrio, distúrbios sensoriais, tremores, problemas cognitivos e de visão.
O diagnóstico precoce e um tratamento personalizado são fundamentais para a gestão eficaz da doença.